Quando nossa filha ia fazer 15 anos perguntamos a ela se queria uma festa ou uma viagem, e ela escolheu uma viagem para conhecer os jardins de Monet, na França. Começamos os planos pois eu tinha um congresso de Homeopatia da LMHI em Berlim e ela iria comigo. Depois faríamos uma viagem, nós duas! Mas muita coisa difícil aconteceu e tivemos que abandonar nossos planos.

No final de 2011 pensei que era a hora, pois no futuro ela já não iria querer mais viajar com a mãe. Os jardins estavam fechados, mas havia a oportunidade de conhecera neve e assim fomos parar nos Alpes. O stress da vida de São Paulo, a idade, um excesso de peso, me fizeram desenvolver hipertensão, que não tem sido totalmente controlada pelo tratamento homeopático, mas é claro que não gosto de tomar o medicamento alopático prescrito pelo médico alopata. Eu não queria estragar o passeio, então levei o medicamento, já pensando em me livrar dele durante os dias de ferias. E, acabei deixando ele em algum lugar.

Nas montanhas, e com o frio de quase inverno, fui me sentindo mal. Fomos passar o dia em Martigny, na Suíça, e resolvi ver se poderia medir a pressão em uma farmácia. Claro, foi a resposta da balconista, que foi chamar a farmacêutica, também porque meu francês é fraquinho, parecido com o inglês da balconista. Entramos em uma sala, ela fez a medida e já fui contando que também era farmacêutica, que não tomava meu anti-hipertensivo há 3 dias. Sim, a pressão estava alta e eu precisava de medicamento. Contei o nome e a dosagem, porém não tinha prescrição. Sim, ela concordava com a prescrição médica e podia me vender o medicamento. Discutimos como eu deveria tomar, e ela me convidou a voltar mais tarde, para tornar a medir a pressão. Me ofereceram água para tomar o medicamento.

Saí com minha filha, passeamos pela cidade, andamos bastante, estava muito frio e continuei me sentindo mal. Na volta, no caminho para a estação de trem, passamos novamente em frente à farmácia e resolvi aceitar o convite para nova medição. A mesma farmacêutica me atendeu, lembrou-se de mim e perguntou de onde eu era. Entreguei um cartão a ela e perguntei se faziam manipulações ali. Ela ofereceu mostrar-me o laboratório: uma sala ao lado da que estávamos, onde entramos sem avental (sim,ela estava de branco), gorro ou pro pé. Ali ela fazia manipulações alopáticas, homeopáticas, com fitoterápicos ou com óleos essenciais, para uso interno ou externo, líquidos, cápsulas ou semi-sólidos. Tudo na mesma sala. Mostrou-me a Ordem de Manipulação, com os dados sobre os supositórios que havia feito há pouco. Rotulavam com o nome da farmácia, e tinham exposto na loja diversos produtos como por exemplo, “Gotas com Óleos Essenciais para Gripe”, sem a descrição da formulação.

Quando perguntei se podia fazer aquilo, disse que tinha tudo registrado e que se tivesse algum problema, ela seria responsável por informar sobre o produto. Contei a ela que no Brasil não podemos vender um medicamento como Losartana, nem fazer uma manipulação, sem a prescrição médica. Podemos medir a pressão de um paciente, porém em um caso como o meu, não tínhamos muito o que fazer para ajudar o paciente. Eu não poderia vender o anti-hipertensivo sem uma prescrição. Aliás, deveria encaminhar o hiper-tenso estrangeiro, de noite, para um serviço de saúde ao qual ele tivesse direito (qual seria?); e, ainda um serviço que oferecesse atendimento naquela noite chuvosa e gelada. De preferência sem que o turista perdesse o último trem!

Que bom que eu estava na Suíça e não no Brasil, onde apesar de ser uma profissional engajada, trabalhar voluntariamente em Comissão do CRF e da ABFH, não sou segura de meus direitos de cidadã (posso exigir comprar um medicamento de uso contínuo que estou necessitando, sem prescrição médica, assessorada por uma farmacêutica?); ou de meus direito de farmacêutica (posso acreditar em um paciente, verificando suas necessidades? Posso utilizar meus conhecimentos para ajudar uma pessoa dentro de minha competência profissional?).

Parece ser mais simples ser farmacêutico na Suíça. Acreditariam em mim, meu diploma valeria mais e eu conheceria meus direitos. Ana Cecília, venha ao Brasil só para passear, mas continue sendo farmacêutica na Suíça. É bem mais fácil!

 

CONJUNTIVITE E HOMEOPATIA

 

Conjuntivite é um mal que me deixa curiosa. É claro que já acordei com secreção no olho, e logo me lembrei que não fui feita para usar maquilagem mais de um ou dois dias em seguida. Mas nunca tive uma conjuntivite que me irritasse os olhos por mais de um dia, por uma semana, por mais de uma semana. Com isto tenho dificuldades com o grande receio que meus colegas tem da conjuntivite: encosto, dou beijo e sigo em frente sem problemas. Nunca uma bactéria “pulou” do olho de alguém para o meu, e me causou grande transtorno, se é que causou algum. Nem no trabalho, nem no metrô, nem, até hoje, em qualquer lugar.
Recebi informações no site
http://safe-medicine.blogspot.com.au/2015/01/conjunctivitis-homeopathy-is-better.html e um dos assuntos é justamente o tratamento de Conjuntivite com Homeopatia, que aproveito e traduzo, livremente, para vocês:

Conjuntivite. Homeopatia é melhor do que as drogas convencionais para o tratamento.

Publicado pela primeira vez no site “Por que Homeopatia?”


O que é

A Conjuntivite, também chamada de “Pink Eye” ou “Red Eye” (olhos vermelhos ou rosa), provoca vermelhidão e inflamação da fina camada de tecido que cobre a frente do olho, a conjuntiva. Os sintomas incluem coceira e lacrimejamento, e às vezes uma cobertura pegajosa nos cílios, especialmente se for causada por uma alergia. Pode afetar um ou ambos os olhos.

Tratamento médico convencional

O NHS (Serviço Nacional de Saúde) descreve o tratamento convencional de conjuntivite, dependendo de ser causada por uma infecção, ou uma reação alérgica.

Conjuntivite infecciosa

Se quiser saber mais sobre o tratamento convencional para conjuntivite, veja em http://www.nhs.uk/Conditions/Conjunctivitis-infective/Pages/Treatment.aspx. Lá você lerá que a maioria dos casos de conjuntivite infecciosa “não necessitam de tratamento médico” e vai ser resolvido “em uma a duas semanas”. São sugeridos vários tratamentos e medidas sensatas, como a remoção de lentes de contato, limpeza de qualquer secreção pegajosa, e manter as mãos limpas. Tratamento com medicamentos deve começar se a infecção torna-se grave, ou dura mais de duas semanas, quando então há a prescrição de antibióticos, principalmente cloranfenicol, ou ácido fusídico, se o primeiro não funcionar, sob a forma de colírios. Ácido fusídico deve ser usado com cuidado em crianças e idosos. E é o tratamento preferencial para gestantes. Os efeitos colaterais destes colírios são visão turva, (evitar a condução ou utilização de máquinas depois de usar o colírio), ardor, queimação, dor ocular, sensibilidade à luz, perda de visão, vermelhidão intensa nos olhos.

A conjuntivite alérgica pode ser
• sazonal: normalmente causada por uma alergia ao pólen
• perene: geralmente causada por uma alergia a ácaros ou animais de estimação
• dermatoconjunctivitis: geralmente causada por uma alergia ao colírio ou cosméticos
• papilar gigante: geralmente causada por uma alergia às lentes de contato

Mais uma vez, são aconselhados os métodos aconselhados são remoção de lentes de contato, compressa fria sobre os olhos, e evitar a exposição ao alérgeno.

Os medicamentos para estas condições alérgicas incluem colírios anti-histamínicos com azelastina, emedastina e quetotifeno, todos não adequados para crianças menores de 3 anos de idade; ainda antazolina com xilometazolina, não adequado para menores de 12 anos, embora esteja disponível sem receita nas farmácias americanas! Mulheres grávidas são aconselhadas a consultar um médico e não usar estes produtos. Anti-histamínicos orais, como a cetirizina, fexofenadina, loratadina, também podem ser usados, se não estiver grávida ou amamentando. Usa-se também estabilizadores de mastócitos, na forma de colírios, incluindo lodazamida, nedocromil de sódio e cromoglicato de sódio. Ou ainda corticosteróides, que devem ser prescritos quando os sintomas são particularmente grave e apenas quando absolutamente necessário.

O tratamento homeopático de conjuntivite
A homeopatia não trata doenças, mas sim o indivíduo que tenha sido diagnosticado com uma doença ou doença particular.

Os seguintes remédios homeopáticos para o tratamento de conjuntivite são seguros, sem quaisquer efeitos secundários, e, quando bem indicados, eficazes.

Apis mellifica
Inchaço das pálpebras. Os olhos sentem-se melhor com aplicações locais frias. Pode haver ardor e dor em queimação e as pálpebras podem grudar. Uma pessoa que precisa deste remédio muitas vezes sente-se irritável.

Argentum nitricum
Pode haver inchaço das pálpebras com secreção amarelada ou purulenta, bem como vermelhidão da área branca e dos cantos internos dos olhos. Os olhos podem estar cansados e doloridos, com piora pela luz e pelo calor, que melhora por compressas frias e pelo ar fresco.

Belladonna
Os pacientes que precisam deste medicamento têm muitas vezes intensa vermelhidão dos olhos, incluindo aparência de olhos injetados de sangue. Pode haver dor latejante ou pode sentir o olho quente. Na pressença de luzes brilhantes, e até mesmo ruídos altos, o desconforto pode aumentar. Pode haver febre. Belladonna é útil quando há um rápido início de sintomas.

Euphrasia
Este remédio é útil para sintomas que concentram-se sobre os olhos. Pode haver uma grande quantidade de lágrimas que queimam a pele ao redor dos olhos. Às vezes, pode formar-se uma secreção esverdeada ou esbranquiçada, com sensação de objeto estranho nos olhos, como areia. Também pode haver uma descarga de secreção suave, porém profusa do nariz.

Hepar sulphuris
Este medicamento é indicado nos casos em que os olhos sentem-se machucados, com inflamação e dor queimante. Pode haver um corrimento amarelo, apesar das pálpebras grudadas, especialmente na parte da manhã. Compressas quentes e calor em geral, fazem com que o paciente sinta-se melhor, pois o paciente é muitas vezes extremamente sensível ao frio, podendo também ser sensível à luz e ao ruído. A irritabilidade pode também ser uma característica do processo.

Mercurius solubilis
Os pacientes que precisam deste remédio muitas vezes sentem-se mal e são sensíveis ao calor e frio. Há secreção amarelo-esverdeada que podem irritar as pálpebras e as margens dos olhos. A respiração pode ser ofensiva, com muita salivação se houver sede. Pode haver erupções ao redor dos olhos e nas pálpebras.

Pulsatilla
Medicamento para quando há uma grande quantidade de secreção amarela e espessa, geralmente não irritante, com coceira no olho. Para pessoas com características carentes, que pioram em ambientes quentes e não sentem sede. Compressas frias aplicadas nos olhos acalmam.

Sulphur
Útil para pessoas com olhos vermelhos, com ardor e prurido. Os brancos dos olhos estão vermelhos e injetados de sangue, e as lágrimas parecem quente. Todos os sintomas pioram com o calor.

Não são conhecidos testes clínicos randomizados para o tratamento homeopático da conjuntivite.

 

Penso que vale a pena tentar usar medicamentos homeopáticos no próximo caso de conjuntivite próximo a você.

É interessante observar que mesmo em condicões tão diferentes para a prática da homeopatia como a encontrada em países como França, Brasil, México, Estados Unidos, Índia ou Alemanha, se possa discutir um tema como este.

Para falarmos do que pode ser a contribuição que médicos e farmacêuticos trabalhando juntos podem dar para o desenvolvimento da homeopatia em todos os países onde ela existe como opção terapêutica, oficializada ou não, talvez devamos falar sobre o que temos de resgatar para a homeopatia que é praticada hoje nestes diversos países.

Com certeza, a experiência de um americano foi adquirida ao enfrentar as dificuldades encontradas para aplicar aquilo que aprendeu, tendo em vista o que os laboratórios farmacêuticos colocavam disponível como arsenal terapêutico. Eu, como brasileira, quase nada conheço de suas dificuldades ou necessidades. Entretanto, dentro de meu próprio país, encontramos situações tão diferentes como podem ser as encontradas entre França e Rússia talvez.

Por outro lado, como farmacêutica homeopata, gostaria muito que as informações que Hahnemann nos legou fossem tão claras e definidas como foi colocado. Gostaria mesmo muito, que as farmacopéias não fossem tão divergentes em assuntos às vezes tão básicos, como por exemplo, como deve ser dinamizado o medicamento na escala centesimal (sem falar na cinquenta milesimal). Entre meus pares, por vezes, ficamos estarrecidos quando, depois de discutirmos longo tempo sobre o movimento que deve ser aplicado aos vidros que estão sendo dinamizados, qual a amplitude, contra que anteparo etc., em seguida vermos filmes ou fotos de laboratórios que são referência para muitos, dinamizando medicamentos apenas submetendo o líquido a uma intensa vibração.

Poderia falar também que, sempre que tenho a oportunidade, procuro me inteirar sobre o que encontro desenvolvido em outros países que resolvam problemas que proventura esteja enfrentando. Assim é a pesquisa para prepararmos medicamentos por Korsakov, para realizarmos potências como 20.000 ou 100.000. Se aplico tempo e recursos para adquirir um equipamento destes, é porque com certeza existem médicos prescrevendo, e provavelmente outros ensinando a prescrever medicamentos que exijam adquirir tal equipamento. Ao farmacêutico cabe encontrar a solução técnica para aquela exigência. Se as indicações são discutíveis ou não, não me compete opinar. Entretanto, se me recusar a participar da busca por uma alternativa terapêutica estarei contrariando juramento feito quando decidi abraçar esta profissão.

Falar sobre colaboração médico-farmacêutico entretanto, não abrange só a união de esforços para se conseguir romper sempre novas barreiras que nos são colocadas a todo momento, seja pela mutação de velhas afecções, seja pelo aumento da fome ou da injustiça no mundo.

Falar sobre colaboração médico-farmacêutica significa também falar sobre conduta ética, sem dúvida alguma. Seja do farmacêutico, seja do médico. Não existem apenas proprietários de laboratórios empenhados em lucros fáceis. Sempre haverá aquele que tenta se aproveitar de condições específicas para auferir lucro, sem se importar a quem faça mal. Mesmo assim, não consigo imaginar a Liga com o papel de polícia de empresas ou indivíduos.

A segurança de um médico em relação a um medicamento prescrito deve se basear em critérios mais concretos do que afirmar a desconfiança em medicamentos acima de 200CH pela exigência de frascos distintos. É importante conhecer o trabalho dos laboratórios – e farmácias homeopáticas – acompanhando e discutindo junto aos profissionais farmacêuticos, cada passo importante no preparo dos medicamentos homeopáticos. Ou então vamos considerar o laboratório apenas em sua possibilidade de financiamento de viagens ou congressos; nunca pelo que estas empresas – e estes profissionais – possam agregar de conhecimento e técnica ao trabalho que a maioria dos médicos nem se interessa em discutir. Considerar que o médico recém formado, assim como o adolescente, é uma presa fácil às táticas odiosas dos laboratórios, que só vêem o lucro em suas atividades, apenas está de acordo com aqueles que só vêm o farmacêutico como fonte de financiamento de viagens ou brindes.

Discutir se o laboratório deve fornecer o medicamento em água ou em álcool, como forma de evitar que o médico possa seguir dinamizando as próximas potências, tem o mesmo alcance que discutir se qualquer um pode tomar um compêndio homeopático e sair precrevendo medicamentos.

A discussão parece-me mais que oportuna. Não sob a ótica levantada, mas justamente pelo oposto. Já é tempo de trazermos mais farmacêuticos para nosso meio, para participar das atividades da Liga. Já é tempo de mais países formarem melhores farmacêuticos homeopatas, que possam trazer sua contribuição para uma melhor homeopatia, com soluções para as situações encontradas nos diversos países, com recursos técnicos mais ou menos avançados.

Porém, com certeza, se tivermos bons farmacêuticos homeopatas envolvidos na preparação de medicamentos, melhores serão as possibilidades da clínica médica.

Espero que nossas divergências não se transformem em diferenças, porém em somatórias.

Apesar de ter feito o curso de especialização em Saúde Pública antes mesmo de começar com a farmácia homeopática, por razões de como a vida foi acontecendo, nunca pude exercer esta atividade de forma mais plena, a não ser na assistência farmacêutica realizada dentro da farmácia homeopática. Não se trata de indicação de medicamentos, mas sim de aproveitar todas as disciplinas como Materno-Infantil, Nutrição, noções de Oftalmologia, Dermatologia Sanitária e tantas outras. Compreensão e orientação básica de saúde para meus clientes.

A Saúde Pública foi o caminho para chegar até a Homeopatia: o fato de prever a atuação de agentes, hospedeiro e meio ambiente para o desenvolvimento de uma doença, mesmo sem considerar a Lei da Semelhança, já nos distancia da visão tradicional do motivo de adoecermos.

Um convite, porém, da Dra. Margarida Vieira, homeopata de Florianópolis, trouxe novas oportunidades. A idéia era administrar Meningococcinum à população de Blumenau, já que havia a incidência de diversos casos. Primeiro, fui chamada para fornecer o Meningococcinum, como já havia ocorrido há alguns anos atrás, quando uma campanha foi realizada em municípios próximos à capital catarinense. Posteriormente, foi decidido que o ideal seria refazer o medicamento a partir de uma nova amostra de doente do local, desta epidemia. Para lá dirigiram-se dois colegas farmacêuticos, que dinamizaram material coletado de uma garota de Blumenau, que inclusive foi a óbito por meningite. Decidiu-se partir da cultura da Neisseria inativada por autoclave, para evitar acusações à Homeopatia, caso novos casos aparecessem entre aqueles que recebessem o Meningococcinum. A potência a ser utilizada seria a 30CH, em dose única de uma gota, por via oral.

Mesmo não preparando o medicamento, fui chamada para acompanhar e auxiliar no dia da campanha. Margarida e eu fomos para Blumenau na véspera, chegando bem a tempo de entrevistas coletivas com a imprensa. O secretário da saúde, médico simpatizante da Homeopatia, assim como o coordenador da campanha, homeopata, respondiam a perguntas, tentando incentivar a população a comparecer aos centros de saúde, para receber o medicamento. É claro que, no dia seguinte, diversos equívocos esperados, como chamar de “vacinação contra meningite”, apareceram nos jornais.

Logo em seguida, reunião com funcionários dos diversos centros de saúde: médicos, enfermeiros e auxiliares, todos ansiosos pelo trabalho no dia seguinte, alguns recebendo muito bem a novidade, e outros oferecendo resistência. De qualquer maneira, muitas e muitas dúvidas. Como proceder? Surgiriam efeitos colaterais? Adultos poderiam receber o medicamento? O que fazer com a vacinação de rotina?

A decisão de não divulgar esta ação com muita antecedência era para evitar a organização dos esperados opositores da Homeopatia.

Chegou o dia! Outros colegas, médicos e farmacêuticos homeopatas, chegaram de São Paulo ou de Florianópolis para ajudar! Os frascos de Meningococcinum já estavam nos centros de saúde do município, porém a informação da população era pequena, e as dúvidas dos médicos e auxiliares continuavam. O coordenador da campanha permaneceu na Secretaria da Saúde para esclarecer dúvidas, e atender imprensa, médicos e à população, pelo telefone. Um hospital central foi destacado para atender a possíveis casos de efeitos colaterais mais graves que surgissem.

Nós, os voluntários, saímos em viaturas, acompanhados por motoristas que conheciam todas as “quebradas” dos caminhos, pelo interior do município, com mais material e extrema boa vontade. Para uma paulistana foi uma experiência e tanto: campos, montanhas, uma população bonita e bem cuidada! Metade dos caminhos eram “de chão”, mas mesmo nas escolas mais distantes, as crianças estavam calçadas, bem vestidas, com aparência saudável. Creches muito simples, porém limpas e cuidadas. Que diferença para a periferia da minha cidade!

Pela manhã, era pequeno o movimento. Parávamos em todas as escolas e creches, e nos centros de saúde, com cópias do ofício do Secretário da Saúde, convocando a população. A campanha estava marcada apenas para aquele dia, e a maior parte dos diretores das escolas nos recebiam e lamentavam a dificuldade para avisar os pais dos alunos. Visávamos uma população até 20 anos, a mais vulnerável à meningite, e pedíamos que os menores de idade fossem aos serviços de saúde acompanhados dos pais ou responsáveis.

Reunimo-nos no horário do almoço, trocamos nossas experiências, fizemos uma avaliação rápida e refizemos planos. Mais escolas deveriam ser avisadas. Os frascos de medicamento já estavam acabando em algumas unidades. As viaturas já não eram suficientes e saí a pé pela cidade, para visitar algumas escolas centrais. Uma delas, coincidentemente, ao lado da Secretaria da Educação. Entrei também lá para tentar um contato, apresentando-me como “em nome do Secretário da Saúde de Blumenau”. Surpresa! Já haviam contatado a Secretaria da Educação, perguntando da tal campanha, e ficaram contentes com as informações e a cópia do ofício do Secretário da Saúde, solicitando divulgação. Repassaram fax para todas as escolas municipais, pedindo adesão.

Durante a tarde, os primeiros levantamentos indicavam que as metas iniciais já haviam sido cumpridas. O rádio e a TV locais noticiavam a “vacinação”. O telefone não parava de tocar. Decidiu-se ampliar a campanha para a manhã seguinte, dia de jogo do Brasil, quando as unidades fechariam ao meio-dia. Infelizmente tinha de voltar a São Paulo e não acompanhei pessoalmente o que ocorreu então. A população, agora avisada, queria participar. Pais saiam de seus trabalhos para levar os filhos aos centros de saúde. Moradores de municípios vizinhos iam a Blumenau. Filas enormes formaram-se, e houve muito trabalho para os funcionários. O próximo dia, uma 5ª feira, foi feriado. Foi necessário ampliar a campanha para a 6ª feira, possibilitando o preparo de mais medicamento, disponível para todos os interessados.

Uma avaliação posterior da incidência da doença parece demonstrar um menor número de casos em Blumenau, quando comparado com seus arredores. Infelizmente, com o aumento incrível da procura por parte da população, não foi possível registrar os indivíduos que receberam o Meningococcinum, prejudicando os dados para um trabalho de avaliação metodologicamente correto.

A algumas conclusões pudemos chegar: pôde-se perceber que a população aceita o medicamento homeopático, inclusive com finalidade preventiva. Por outro lado, a já esperada oposição dos médicos não homeopatas também existiu: organizaram-se contra o Secretário da Saúde, abrindo um processo contra sua iniciativa.

Em uma nova experiência, será importante considerar a necessidade de um maior número de pessoas treinadas para trabalhar em uma campanha deste tipo, diferente das tradicionais campanhas de vacinação.

Esperamos ainda poder concluir sobre a eficácia do Meningococcinum na prevenção da meningite.

Minha experiência como sanitarista, porém, foi inesquecível e agradeço muito à Margarida pela oportunidade.

Texto escrito em 1998.

Em 1998, tínhamos uma pequena farmácia em Pinheiros, zona oeste da cidade de São Paulo. Esse era nosso dia a dia. Parece incrível que depois de tanto tempo, as situações se repitam. Os problemas e as necessidades quase não mudam…

Cena 1 (ouvindo no telefone):

Oi, Adriana! Aqui é o Dr. …….. Como você sabe, eu sou o novo Presidente da Associação Homeopática ………. Pois é, como presidente, minha função é desenvolver usuários, e também entre a população em geral. Por isto, estou pensando em fazer uma Jornada em novembro, no dia da Homeopatia. E sabe, eu conto com o apoio de vocês no patrocínio. Precisa fazer uma mala direta, pastas, cartazes, canetas. Quero trazer aquele professor argentino também, além de uns palestrantes do Rio, de Sao Paulo e de Recife. Posso contar com você? Vou mandar detalhes por fax, esta bem?

Cena 2 (outra vez no telefone):

Adriana, tudo bem? É a Dra. ………… Eu comecei a atender no Centro Assistencial Bezerra de Menezes, aos sábados, e temos um problema: os pacientes são da periferia, carentes, e não podem comprar remédios. Eu estou pensando se nós não podemos conversar, para tentar uma forma de fornecimento especial. É um projeto social, você sabe. Bem legal! Claro, gostaria muito que você viesse visitar, conhecer como é. Será que dá para chegar a um acordo? Sei lá, a doação de uma “farmacinha”, com frascos limpos de dose, que eu mesma possa embalar. Você tem uma ideia melhor? Então posso passar aí na farmácia amanhã para conversarmos? Então, até lá. Um abraço. Obrigada.

Cena 3 (na farmácia): Entra uma mãe, simples, com um bebê no colo, e mais duas crianças, de uns quatro e sete anos. Meio rasgadinhos, meio sujinhos…

– Bom dia, moça! Será que tem aí um remedinho de erva prá bronquite do meu filho do meio aqui? Ele fica ruinzinho, chiando, perde o ar, quase fica roxo… A gente leva nos médicos, mas não adianta… Volta tudo outra vez… É só tomar uma chuvinha, mudar o tempo, e ataca… Uma vizinha falou duns remédios de ervas que curaram a filha dela. Será que tem aqui?

– Nós não vendemos remédios homeopáticos sem receita. A senhora vá a um médico homeopata, e volte com a receita, que eu preparo os medicamentos.

– Éita!!! Precisa de médico? Mas é de erva, ela não foi no médico não… A senhora não é doutora, não?

– Sou farmacêutica. Sinto muito, só com receita médica.

– E onde tem médico desses remédios de ervas? É caro? Eu não posso pagar não…

– Bom, aí é um problema. Aqui na cidade não tem não, mas lá em ……. tem uma associação que atende de graça… mas tem fila. Demora uns seis meses para atender…

– Hiii!! Vou procurar um raizeiro que tem lá pros lados de casa, ver se ele tem algum chá, alguma erva… Obrigada, moça. Pensei que ia ajudar…

– Olha, eu até gostaria, mas não posso fazer nada pela senhora.

Cena 4 (conversa entre a farmacêutica e seu marido, administrador de empresas, funcionário em uma indústria de grande porte):

– Ufa! Finalmente acabei! Blatta orientallis 1000CH! Levei duas semanas para fazer esse remédio… Não é bárbaro! Olha, todos os vidrinhos na gaveta, guardados de 10 em 10! Puxa, são 100 frascos! Tive que pegar uma gaveta extra!

– Duas semanas dinamizando? Quanto custou?

– Ah! Vou cobrar o preço normal. Sabe, vai para o estoque.

– E vai aparecer outro paciente precisando do mesmo remédio?

– É difícil… É um remédio que sai pouco… ainda mais em CH… Mas, olha só, não é uma beleza? 1000 passos a mão, com 100 sucussões no braço!

– Não sei não. Eu não faria. Mas, diga uma coisa… O paciente esperou tanto tempo?

– Nem sei… Ele ficou de ligar para o médico, para ver se podia ser em fluxo. Não ligou mais… Mas eu já fui adiantando. De qualquer forma, já está feito. É menos um para dinamizar.

– Bem, você não pensa que neste tempo todo que você perdeu, você poderia atender melhor a seus clientes, ficando lá na frente, no balcão, conversando com eles? Eu vejo tanta gente que chega aqui só querendo atenção, só querendo conversar…

– Puxa, você não entende mesmo… Não vê que um 1000CH, ainda mais de Blatta, é alguma coisa especial? Fica só pensando em quanto custou e quanto vou cobrar… Só pensa em dinheiro!

– É, mais esta farmácia tem que ir para frente, tem que se pagar. Como eh que você vai fazer tudo o que você quer: cursos, congressos, anúncios, o computador novo… Precisa dinheiro para isso. Você precisa aprender a administrar sua farmácia, até para melhorar em Qualidade, como você tanto fala. Os recursos tem que vir daqui mesmo! Não adianta você direcionar-se pelo produto! Tem que pensar no cliente: nos que vem até aqui e nos médicos homeopatas!

O farmacêutico homeopata convive com suas ansiedades técnicas e suas ansiedades de consciência em relação à classe mais carente, pela qual pouco pode fazer diretamente. Pode doar medicamentos para atendimentos sociais… mas… não participa diretamente do processo. Fica com a parte da mercadoria.

Vive dividido em relação a seus clientes: deve ficar no balcão, atendendo e conversando com eles? Ou preparar pessoalmente os medicamentos? Em relação a seus clientes principais, os médicos homeopatas, a relação nem sempre é tranquila.

Qual é o papel do farmacêutico? O que é a qualidade tao falada de uma farmácia? Como “medir” a qualidade de um medicamento? Como fica o lucro, esse vilão, que insulta o purista e põe comida na mesa do farmacêutico? O farmacêutico pode/deve indicar medicamentos? A quem deve fidelidade, ao médico, de quem é dependente, ou ao cliente/paciente, de onde vem o recurso? O que é mais importante, o remédio ou o cliente? O medicamento é o único remédio?

Nos dias atuais, qualquer jornal ou revista que fale de negócios ou comércio, ensina que “você tem que investir em seu cliente”. Isto vale para os negócios em geral. Investir no cliente, é investir no médico e no paciente. Isso vale para a farmácia homeopática.

POMADA DE PRÓPOLIS PROMOVE RESOLUÇÃO COMPLETA DE ÚLCERAS VENOSAS APÓS 6 SEMANAS DE APLICAÇÃO

As úlceras venosas da perna representam um problema médico significativo, além dessas lesões apresentarem dificuldade de tratamento, visto que muitas apresentam caráter de cronicidade, sendo não responsivas às terapias usualmente empregadas.

A ocorrência e o tratamento das ulcerações crônicas geram custos significativos, muitas vezes relacionados com a necessidade de terapias de alto custo e por um longo período de tempo.

IMPORTÂNCIA DA BUSCA DE NOVAS ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO

Mesmo com o aumento da implementação de terapias modernas, o número de pacientes com lesões resistente ou recorrentes ainda permanece relativamente elevado. Este fator estimula a busca de novas opções, bem como a implantação de novos métodos de tratamento nesta área.

PRÓPOLIS: NOVA ALTERNATIVA PARA REDUÇÃO DO TEMPO DE CICATRIZAÇÃO

O própolis é uma substância resinosa extraída das árvores pelas abelhas Apis mellifera, que a utiliza como um material estrutural e de resistência. As abelhas utilizam o própolis não somente como agente estrutural, mas também como estratégia para evitar a contaminação por fungos e bactérias.

O própolis é amplamente utilizado na dermatologia como agente cicatrizante, para tratamento de úlceras e queimaduras, como reduto do tempo de cicatrização, aumentador da contratura do tecido lesionado e também como acelerador da reparação tecidual.

ESTUDO CLÍNICO 1

Pomada de Própolis Reduz o Tempo Médio de Cicatrização das Úlceras Venosas

Com base na ampla aplicação do própolis na dermatologia e nas comprovações científicas que suportam seu uso como estimulante da cicatrização de feridas, Kucharzewski et al. (2013) conduziram um estudo que teve como objetivo investigar o uso de uma pomada de própolis no tratamento da úlcera venosa crônica das pernas.

Cinquenta e seis pacientes com confirmação de ulceração crônica de caráter venoso, com lesões com duração 12 meses e sem evidências de cicatrização foram randomizados em 2 grupos.

GRUPO 1 (n=28) Aplicação de solução fisiológica de NaCl, seguida de aplicação tópica de pomada contendo 7% de própolis.

GRUPO 2 (n=28) Aplicação de solução fisiológica de NaCl, seguida de tratamento de compressão.

Antes dos tratamentos, todos os pacientes tiveram suas úlceras debridadas para remoção de tecido morto. Após início do tratamento, os pacientes eram examinados uma vez por semana, até a resolução da úlcera. Além disso, os pacientes de ambos os grupos recebiam uma terapia oral baseada em diosmina ( 450mg) e hesperidina (50mg), 2 vezes ao dia.

RESULTADO

Pomada de Própolis Promove Cicatrização Completa das Úlceras em 100% dos Pacientes Após 6 Semanas de Aplicação

  • Em todos os pacientes do grupo 1, as úlceras sofreram cicatrização completa já nas primeiras 6 semanas de tratamento;

  • Também houve resolução completa das úlceras de todos os pacientes do grupo 2, no entanto, na semana 6, apenas 6 pacientes de 28 apresentaram cicatização completa de suas lesões;

  • No grupo 2, foram precisas 16 semanas para cicatrização completa das lesões vs.6 semanas no grupo 1;

  • O tempo médio para cicatrização das úlceras foi significativamente menor no grupo 1 (24 dias) quando comparado com o grupo 2 (76 dias).

ESTUDO CLÍNICO 2

Aplicação Tópica de Própolis Reduz a Área das Ulcerações Diabéticas

O objetivo de um estudo conduzido por Henshaw et al., (2014) foi avaliar a eficácia da aplicação tópica de própolis na cicatrização de ulcerações diabéticas.

Vinte e quatro voluntários com ulcerações diabéticas com duração 4semanas aplicaram uma formulação tópica contendo própolis durante 6 semanas.

RESULTADO

Aplicação Tópica de Própolis Reduz a Área Ulcerada em 41% Após 1 Semana

  • A aplicação tópica do própolis promoveu redução da área ulcerada em 41% vs. 16% no grupo controle após 1 semana e em 63% vs. 44%, respectivamente, após 3 semanas.

  • Após 3 semanas, 10% dos pacientes apresentaram resolução completa das úlceras vs. 2% no grupo controle, sendo que após 7 semanas estes valores passaram a ser 19% e 12%, respectivamente;

  • Além disso, a aplicação tópica de própolis reduziu a secreção pós-debridamento das ulcerações em 18,1% vs. 2,8% no grupo controle, bem como a contagem bacteriana;

  • Não foram reportados efeitos adversos.

CONCLUSÃO

Os estudos permitiram concluir que a aplicação tópica do própolis é uma potencial opção terapêutica adjuvante no tratamento das ulcerações cutâneas, especialmente as de difícil resolução, como as ulcerações venosas e diabéticas. Além disso, mostrou ser um tratamento seguro e bem tolerado.

Pomada de Própolis Promove Resolução Completa de Úlceras Venosas Após 6 Semanas de Aplicação[Adaptado]. In Doctor’s: Health Inf.&Res. Fev.2015; Edição nº97:20-21.

Para o Jornal Alternativo

 

O “Risco” sanitário do medicamento homeopático e das práticas não convencionais

Amarilys de Toledo Cesar

Em outubro, durante o Congresso Brasileiro de Farmácia Homeopática foi discutido o “risco sanitário” do medicamento homeopático. O que é isto? É a probabilidade que produtos e serviços têm de causar efeitos prejudiciais à saúde das pessoas.

A segurança do medicamento homeopático seria relacionada tanto a que os componentes ativos e inertes que compõem o medicamento não causem danos, e também a que o medicamento seja ativo no que se propõe a realizar. Idealmente estes medicamentos são indicados para um conjunto de sintomas do indivíduo, e não para patologias como inflamações, enxaquecas, artrites. Portanto, se o conjunto de sintomas do indivíduo a ser considerado para a escolha do medicamento não for o dos sintomas BIP (BEM DEFINIDOS, INTENSOS E PECULIARES), o medicamento pode não ser o melhor para o paciente. É verdade, o trabalho do homeopata é bem mais difícil do que o dos médicos que prescrevem medicamentos convencionais.

Todos sabem que Arnica trata traumatismos, mas para tratar integralmente um adulto que tenha uma artrose no joelho, enxaquecas que o aborrecem, uma gastrite que aparece após excessos alimentares e uma pressão que já se distancia dos propostos 8 x 12, com um só medicamento (como preconiza a homeopatia de Hahnemann, seu fundador), é necessário conhecer bem o paciente, com seus sintomas todos, e escolher aqueles que são bem definidos, que são intensos e que são peculiares aquele indivíduo. Esta gastrite aparece todos os dias? Você pode dizer quando aparece? Sempre que você toma leite? Nem sempre? Incomoda? Ah, é bem leve e você não consegue associar com a alimentação ou com momentos de mais stress? A enxaqueca aparece durante a noite e o acorda, sempre às 2 horas da manhã? Nunca em outro horário? E assim segue-se a entrevista durante a consulta homeopática. Você já percebeu que precisa aprender a se observar, não é?

Mas voltando ao risco do medicamento homeopático, você já deve ter escutado que eles são extremamente diluídos. Então, só as baixas potências de alguns medicamentos homeopáticos podem ser tóxicas. Por exemplo, o Arsenicum álbum, que é feito a partir do Arsênico, só deve ser usado a partir da 3CH e tanto os prescritores sabem disto, como farmacêuticos estão atentos a isto na dispensação.

E fique tranquilo pois a qualidade dos processos de preparo dos medicamentos homeopáticos foi muito aperfeiçoado nas últimas décadas, com o movimento farmacêutico homeopático e a Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas, que atualmente presido.

Hahnemann, o médico alemão de 200 anos atrás que, sentindo-se oprimido por uma medicina que mais lesava do que curava, abandonou a prática médica, para em seguida começar a desenhar e apresentar a teoria de um novo princípio curativo, no qual utilizou substâncias altamente diluídas, criando assim as bases para a terapêutica homeopática. Hahnemann começou negando a realidade na qual estava inserido em sua época, para criar outra, com características próprias e valores positivos.

A avaliação do risco sanitário de medicamentos, produtos e serviços, vai gerar dados que serão usados para distribuição de recursos para a área da saúde. A distribuição destes recursos tem uma conotação técnica, mas também social e política.

Se queremos que o medicamento homeopático seja considerado no contexto da saúde pública, ele deve ser avaliado também sob o ponto de vista do risco sanitário. Não há registro de risco sanitário para ele. Isto significaria que ele não foi notificado, que não há risco ou que ele é desprezível? Nós homeopatas consideramos que não há risco mesmo, mas há sempre o lado de considerar que ele deve fazer efeito.

Ideal seria que mais pesquisas fossem realizadas para garantir que não há risco. Se você já escutou críticas aos homeopatas sobre não fazerem pesquisas, talvez você não saiba que as verbas de apoio à pesquisa não costumam ser concedidas a estudos sobre a Homeopatia, sob o argumento de que não há nada a ser pesquisado.

Ou seja, há muito a trabalhar pela Homeopatia e pelas terapias complementares à medicina convencional: garantir que sejam oferecidas pelos serviços públicos; que seja realmente implementado o PNPIC (Programa Nacional de Práticas Integrativas e Complementares http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pnpic.pdf), já assinado pelo governo desde 2006, porém pouco encontrado em postos de atendimento público por falta de contratação de profissionais e de recursos; pedir pelo fornecimento do medicamento homeopático nas redes de atendimento público, e ainda que as entidades de fomento à pesquisa concedam verbas para a pesquisa nestas áreas da mesma maneira que fazem para a medicina convencional.

Nesta semana, assistindo aulas do curso de Homeopatia, Arquétipos e Transdisciplinaridade, e ao evento sobre Ciência e Religiosidade, com o privilégio de escutar palestrantes muito sábios falando sobre saúde, doença, envelhecimento, outras abordagens não convencionais à saúde, como o uso de Homeopatia e Meditação, não pude deixar de pensar que todos nós precisamos acreditar e trabalhar para que estas possibilidades tornem-se realidade. Os benefícios são reais, os riscos sanitários são mínimos ou inexistentes. Peça por estes atendimentos nos serviços de saúde que você frequenta. Saiba qual a posição de seus vereadores, deputados e senadores. O mundo está mudando rapidamente, e nossa visão de atenção à saúde também precisa mudar. Pense nisto!

Serviço: Amarilys de Toledo Cesar é farmacêutica homeopata, doutora em Saúde Pública(FSP, USP). Para mais informações envie e-mail para [email protected]